quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Seis meses da Morte de GERÔ


Algumas pessoas carregam um carisma que fazem com se tornem íntimas em poucos minutos. Em 2004, quando ainda estava no 1º- período do curso de Comunicação Social com habilitação em jornalismo da Faculdade São Luis, conheci o poeta GERÔ.
Essa oportunidade me foi dada por fazer parte do extinto projeto RODA CULTURAL, que tinha a proposta de trazer para um bate-papo, dentro da academia, personalidades envolvidas com o movimento cultural da cidade.
Esse projeto me deu a oportunidade de conhecer o hoje Secretário de Cultura do Estado do Maranhão, Joãozinho Ribeiro, que foi o primeiro a conversar com a comunidade acadêmica da Faculdade São Luis.
O segundo a nos brindar com o seu carisma foi o jornalista, roteirista e cineasta Cláudio Farias, que também é presidente da ONG Terra de Preto. Cláudio tinha muito a nos falar sobre cultura, já que é um ativista cultural, que sempre foi engajado em movimentos ligados à cultura afro-brasileira. Na ocasião, Cláudio estava editando o Filme QUILOMBOS MARANHENSES: CULTURA E POLÍTICA, que venceu o projeto DOCTV DE 2004, no Maranhão. Na ocasião o cineasta falou sobre sua militância no movimento afro-brasileiro e comentou sobre a temática que envolvia o documentário que estava editando. Ao final brindou todos os presentes com o trailer, em primeira mão, do documentário.
Um mês depois, quem sentava no meio da “roda”, era o fotógrafo Márcio Vasconcelos. Márcio mostrou suas fotos de várias manifestações culturais que documentou e conversou sobre fotografia e cultura.
Cesar Teixeira foi a quarta personalidade cultural a dar a sua contribuição ao projeto RODA CULTURAL. O jornalista, cantor e compositor comentou a sua trajetória como jornalista cultural em alguns diários da cidade, dando ênfase à censura imposta nas redações desses veículos. Porém, sempre bem humorado, ele comentou como conseguia driblar essa censura. Cesar também estava lançando o disco SHOPPING BRAZIL, que empiricamente acho um belíssimo disco.
Foi nessa ocasião que conheci o grande GERÔ, uma pessoa simples nos hábitos, mas grande em seus princípios e bondade. Mesmo sem conhecer o GERÔ com mais intimidade, tive essa impressão quando o vi na minha frente querendo me vender um livro de cordel. Comprei-o de imediato e aproveitei para puxar conversa com aquela figura carismática, que chegara ali ainda com o cheiro da última tomada em algum bar da lha dos amor. Quem conheceu o GERÔ na intimidade afirma que era uma pessoa muito boa de coração, amiga e sempre disposta a interceder em favor de um amigo, ou até mesmo de um desconhecido.
Não quero levantar polêmica e nem ficar aqui levantando causas para o que aconteceu com o nosso poeta, quando da sua morte. Para quem não sabe, GERÔ foi morto após ser preso e espancado por policiais militares, que em suas defesas afirmaram terem prendido o poeta por conta de uma denúncia de roubo de uma bolsa, que depois foi negada pela vítima, que afirmou ter falado para os policiais que não seria aquele rapaz (GERÔ) o responsável pelo delito.
Foram feitas mobilizações para cobrar uma maior investigação dos fatos e que fosse aplicada a lei aos culpados pela barbárie. O caso, à vezes, parece ter caído no esquecimento, muito por culpa de todos nós, digo todos, toda a população maranhense, que não cobrou de forma mais fervorosa e por mais tempo a culpabilidade dos envolvidos na morte do poeta.
Mas, eis que surge uma luz no fim do túnel. Dia 22 de setembro (sábado), serão lembrados os seis meses do assassinato de GERÔ. O manifesto vai acontecer na Praça Mururu (Coroado), em frente à Rádio Comunitária Conquista. Na ocasião será lançado o Cordel “AS PERIPÉCIAS DE GERÔ ENTRE O PURGATÓRIO E O CÉU”, que terá distribuição gratuita para os presentes. O acontecimento também contará com a presença de artistas e cantores locais. Então convoco todos a participar desse ato contra a violência e a impunidade.



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